terça-feira, 10 de abril de 2007

12) RELATÓRIO

A questão da identidade vem sendo constantemente discutida pelos estudiosos contemporâneos no campo da teoria social, pois desde o Iluminismo dos séculos XVII e XVIII , passando pelo modernismo, o conceito de identidade vem sofrendo diversas alterações. Porém é com o conceito de sociedade pós-moderna, que se iniciará a discussão sobre a chamada “crise de identidade”, apesar de outros estudiosos afirmarem que esse modelo de sociedade já e se alterou, se tornando assim hiper-moderna. Contudo me reporto ao livro de Stuart Hall*, que me deu base para a criação do tema, ao passo que me instigou a prosseguir a discussão desse conceito de “crise identidade”, que descentralizou cada elemento da sociedade pós-moderna.
O texto literário de Carlos Drummond de Andrade, 1984 “Eu, etiqueta”, nos revela que a identidade na pós-modernidade praticamente não existe, pois o consumo excessivo, uma das marcas do pós-modernismo é claramente uma preocupação de Drummond ao transcrever que as pessoas são verdadeiros anúncios ambulantes, onde ao “desfilar” pelas ruas com as suas roupas de grife, que muitas vezes nem foram escolhidas pela própria pessoa e sim foi o “outro” quem escolheu, isto é, a preocupação em ser visto e admirado pelo outro, força o indivíduo negar a sua identidade e consequentemente a sua liberdade de escolha.
O texto jornalístico ao tratar sobre Glauber Rocha, líder da corrente artística, denominada Cinema Novo. Glauber apesar de ter falecido aos 43 anos, defendeu desde cedo algo que muitos cineastas lançaram fora ao verem os caminhões de dinheiro da indústria cultural de Hollywood, isto é, a tradição. A tradição é um dos elementos que compõem e defende a verdadeira identidade, e isso Glauber defendia com muita propriedade, pois ele era autêntico. A identidade do cinema brasileiro era mantida por Glauber ao mostrar em cada filme a realidade do brasileiros pobres e suas identidades verdadeiras.
Os dois WIKIS trazem duas ciências em que o objeto maior de estudo é o homem. Enquanto a Sociologia (“estudo da sociedade”) se detém mais ao homem em sociedade, a Antropologia (“estudo do homem”) se reporta ao homem em sua essência. São duas ciências que nos ajudam a compreender melhor o porquê dessa crise de identidade, afinal tem o homem como objeto de estudo comum.
A imagem “4 Aculturação” traz em sua essência a questão do idioma, que é uma representação clara da diversidade de identidades lingüísticas, pois as vezes um brasileiro pode falar diversos idiomas. Isto é ele muda de identidade a cada novo idioma aprendido. A imagem “5 Estatura”, retrata a idéia de que dependendo da estatura de uma pessoa, a identidade dela se altera, pois se por exemplo a pessoa é anã ele acaba vivendo e convivendo geralmente em um contexto de pessoas com as mesmas características e que por sua vez formarão uma identidade peculiar daquele contexto. E a imagem “6 Oposto” nos mostra que a identidade é formada a partir de seu oposto. Nos só sabemos o que é dia, quando descobrimos o que é a noite. Assim como, só descobrimos quem somos, quando encontramos alguém que não somos.
O vídeo “7 Globalização” se refere ao próprio fenômeno da globalização que gera as conseqüências de descentralização da identidade ao permitir o contato entre as culturas do mundo todo. O vídeo “8 transformação”, revela como a tecnologia informacional consegue alterar de uma maneira rápida e incrível a identidade de uma pessoa através de um software. Já o vídeo “9 Mascara”, se percebe a perda de identidade quando Jim Carrey ao colocar sua mascara se torna uma pessoa totalmente contrária a sua real identidade.
A Música de Marcelo D2 retrata o espaço onde vivem as pessoas que possuem uma identidade própria do local onde vivem, isto é, o gueto. Isso se refere ao fato de que dependendo do contexto social em que a pessoa vive, vai determinar a sua identidade, isto é, aqueles que estão a margem da sociedade.
O 1º site foi considerado devido ao jogo de RPG, que ao influenciar pessoas que o jogam de uma tal maneira, fazem com que eles acabam por transformar a sua identidade, adquirindo comportamentos impostos pelo jogo, até chegar ao extremo de se vestir como um verdadeiro personagem. Fogem da realidade e caem em uma vida completamente virtual, é a verdadeira “identidade virtual”. A palavra 'cosplay' é uma espécie de abreviação para "costume play" (costume = roupa / traje / fantasia e play = atuar). Os cosplayers aparecem principalmente em convenções de animê e mangá ou RPG. Há competição em concursos, com direito a prêmios para os vencedores. Já o 2º site foi selecionado, pois Banksy é um dos mais conhecidos artistas de rua do mundo. Nascido em Bristol, Reino Unido em 1975 seus stencils são facilmente encontrados nas ruas de Londres. Em telas e murais faz suas críticas, normalmente sociais, mas também comportamentais e políticas, de forma agressiva e sarcástica, provocando em seus observadores, quase sempre, uma sensação de concordância e de identidade. Banksy nos mostra também ao mesmo tempo em seu site, a representação de suas opiniões e sentimentos, símbolos de sua própria identidade.

* HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade/Stuart Hall; tradução Tomaz Tadeu da Silva, Guaraeira Lopes Louro - 10.ed. - Rio de Janeiro: DP& A, 2005.

11) MÚSICA: Gueto

Marcelo D2 - Gueto

Marcelo D2 e Mr Catra

Eu to na rua e vejo a vida como um vídeo clipe
Problemas passam como um clipe
Armas e brinquedos
Se confundem nas mãos de uma criança
Eu ate entendo quem não tem mais esperança
É que eu vim da zona norte
Um lugar pobre
De gente honesta e humilde
Mais gente nobre
Você tem que andar na linha
Se manter no bolo
Não se assuste esse é só o começo do jogo
Primeiro flash
12 ou 13 coisas para resolver
Não da nem tempo de pensar no que fazer
E o outro flash
Fica tudo preto
Vamos tomar o poder ou continuar no gueto
Refrão:
Você quer sair do gueto
Mais a sua mente é o gueto
Você quer fugir do gueto
Mais o mundo intero é o gueto 2x
O que não me derruba fortalece
A sua polícia
Não me causa stresse
Paz e liberdade é o que todo mundo quer
Mais o que cê ta disposto a perder
Quando tal paz vier
Quer falar de gueto fala rio de janeiro
De paraíso a mais sujo puteiro
Respeito a quem sobrevive a isso tudo
E não precisa mais temer o mundo debaixo dos planos
Ta no orgulho suburbano
Um pouco de europeu um pouco de africano
Acho que fui traído
É puro blá blá blá
Ta na hora de levanta e luta
Revolução a qualquer custo
O dinheiro manda
Mas a rua vai ficar
É com o samba
Política do negro
Todo mundo roubando
Mais nunca vão roubar a alma de um malandro
Refrão:
Você quer sair do gueto
Mais a sua mente é o gueto
Você quer fugir do gueto
Mais o mundo intero é o gueto 2x
G-U-E-T-O ce sai do gueto mais o gueto não sai de você
RE-VO-LU-ÇÃO tudo que eu preciso é de um mike na mão
E não preciso abaixar minha cabeça
E nem preciso falar mal de ninguém
O que eu preciso e me focar no meu trabalho
Me focar na minha família
Que ai o meu sucesso vem
Rema rema
E não sabe o que quer
Pra quem não sabe que caminho vai pega
O qualquer me diz ai
Pra quem ta sentado no gueto
Vamos sentar com o diabo e escrever o enredo
Refrão:
Você quer sair do gueto
Mais a sua mente é o gueto
Você quer fugir do gueto
Mais o mundo intero é o gueto 2x

10) SITE

1 - http://www.cosplaybr.net/cb/

2 - http://www.banksy.co.uk/

9) VÍDEO: Máscara

8) VÍDEO: Transformação

7) VÍDEO: Globalização

6) IMAGEM: Oposto

5) IMAGEM: Estatura

4) IMAGEM: Aculturação

terça-feira, 3 de abril de 2007

3) WIKIS

1 - Sociologia
2 - Antropologia

2) TEXTO TEÓRICO JORNALÍSTICO: Tradição

Glauber, que viveu apenas 43 anos (nasceu em 1938, morreu em 1981), não foi apenas o criador de uma dezena de filmes (14 títulos), entre curtas e longas, que revolucionaram o cinema brasileiro e mundial. Também foi um pensador - da política, da cultura, do cinema (que escolheu como meio de expressão). Você podia discordar dele até pensar que Glauber, em vários momentos da sua trajetória, estava louco. Ele próprio dizia - "Estão confundindo a minha loucura com a minha lucidez". E nos filmes, nos textos, mesmo piores, há sempre o lampejo do gênio, que impede a mediocridade.

É tempo de Glauber.O Estado de São Paulo - 10/04/2006.

quinta-feira, 29 de março de 2007

1)TEXTO LITERÁRIO: "Liberdade"

Eu, etiqueta

"Em minha calça está grudado um nome
que não é meu de baptismo ou de cartório,
um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
que jamais pus na boca, nesta vida.
Em minha camisola, a marca de cigarro
que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu ténis é proclama colorido
de alguma coisa não provada
por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
minha gravata e cinto e escova e pente,
meu copo, minha xícara,
minha toalha de banho e sabonete,
meu isso, meu aquilo,
desde a cabeça ao bico dos sapatos,
são mensagens,
letras falantes,
gritos visuais,
ordens de uso, abuso, reincidência,
costume, hábito, premência,
indispensabilidade,
e fazem de mim homem — anúncio itinerante,
escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que a moda
seja negar minha identidade,
trocá-la por mil, açambarcando
todas as marcas registadas,
todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
eu que antes era e me sabia
tão diverso dos outros, tão mim-mesmo,
ser pensante, sentinte e solidário
com outros seres diversos e conscientes
Da sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio,
Ora vulgar ora bizarro,
em língua nacional ou em qualquer língua
(qualquer, principalmente).
E nisto me comprazo, tiro glória
de minha anulação.
Não sou — vê lá — anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
para anunciar, para vender
em bares festas praias pérgulas piscinas,
e bem à vista exibo esta etiqueta
global no corpo que desiste
de ser veste e sandália de uma essência
tão viva, independente,
que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
meu gosto e capacidade de escolher,
minhas idiossincrasias tão pessoais,
tão minhas que no rosto se espelhavam,
e cada gesto, cada olhar,
cada vinco da roupa
resumia uma estética?
Hoje sou costurado, sou tecido,
sou gravado de forma universal,
saio da estamparia, não de casa,
da vitrina me tiram, recolocam,
objecto pulsante mas objecto
que se oferece como signo de outros
objectos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
de ser não eu, mas artigo industrial,
peço que meu nome rectifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é coisa.
Eu sou a coisa, coisamente."

Carlos Drummond de Andrade, 1984.